Nas últimas décadas, os movimentos sociais no Brasil têm desempenhado um papel fundamental na promoção de políticas públicas voltadas ao enfrentamento do racismo. Essa pressão da sociedade civil resultou em iniciativas significativas por parte do Estado, como a Lei nº 10.639, de 9 de janeiro de 2003, que tornou obrigatória a inclusão da História e Cultura Afro-brasileira no currículo escolar. Contudo, a implementação dessa lei não limita a discussão sobre a história e as contribuições do povo negro ao ambiente educacional. É papel de todos os setores da sociedade promover essa pauta, valorizando a riqueza cultural e histórica dos afrodescendentes para além de abordagens meramente folclóricas.
Com esse propósito, a Secretaria Municipal de Cultura e Turismo de Nova Venécia realizou nesta segunda-feira, na Câmara Municipal, o Seminário Regional – Educação, Cultura e Equidade Racial. O evento foi promovido em parceria com o Núcleo de Estudos Afro-brasileiros e Indígenas do Instituto Federal do Espírito Santo (NEABI/IFES), a Superintendência Regional de Educação, a Secretaria Municipal de Educação, o Núcleo de Ideias e o Movimento Afrozumba. A programação, cuidadosamente elaborada para abordar temas relacionados à valorização da cultura negra, teve início às 8h com uma recepção musical conduzida pelo artista Diego Feitosa, que, com sua voz e violão, encantou os presentes ao lado do grupo Baianas do Bonfim.
O seminário contou com momentos marcantes, como o “Sarau Poético”, em que escritores como Irene Neta de Oliveira Pianissola, Danielle Meirelhes e João Victor Lick trouxeram reflexões sensíveis e inspiradoras para o público. Além disso, o designer gráfico Leonardo Zamprogno apresentou o game “Capoeira, o jogo”, destacando como a tecnologia pode ser uma ferramenta de preservação e divulgação da cultura afro-brasileira. Um dos pontos altos do evento foi a palestra do Professor Dr. Gustavo Forde, especialista em afrodescendência e relações étnico-raciais na educação. O professor abordou temas como a história da educação e o papel do movimento negro, além de compartilhar insights de suas pesquisas e de sua obra “Vozes negras na História da Educação: racismo, educação e movimento negro no Espírito Santo (1978-2002)”.
A participação ativa do público foi outro aspecto que merece destaque. Professores, alunos, grupos culturais e representantes de movimentos afro de Nova Venécia e região marcaram presença, demonstrando o interesse e a necessidade de fortalecer debates sobre equidade racial. O evento, mais do que um encontro de reflexão, consolidou-se como um espaço de troca e valorização das inúmeras contribuições do povo negro, reafirmando o compromisso coletivo com uma sociedade mais justa e inclusiva.